quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

domingo, 20 de dezembro de 2015

Uma análise das mazelas humanas, observadas dos exercícios das minhas profissões.















Luiz Carlos Nogueira











Hoje eu estava desmanchando papéis, velhos documentos que consistiram de análises contábeis, orientações e pareceres jurídicos, etc. que precisavam ser destruídos por consequência da minha aposentadoria, depois de transcorrido o tempo da minha responsabilidade legal em face dos seus conteúdos.

A destruição desses documentos teria que ser feita por incineração, ou por meio de um triturador. A incineração traz o inconveniente da fumaça que produz e o uso do triturador exige a retirada de grampos, clipes, o que torna a operação um pouco mais difícil, até pela quantidade pequena que o triturador pode suportar. Por conta disso imaginei que se usasse um tambor com água (com tampa, para evitar a ação dos mosquitos), no qual coloquei os documentos retirados das pastas de arquivos, sem ter que separá-los para guardar ainda alguns outros pela ordem de importância, já que o prazo transcorrido me deu essa condição, ou seja, para destruí-los todos, por lotes e de uma só vez.

Durante o processo de destruição desses papéis, meus pensamentos me remeteram ao passado, e me dei conta das várias situações nas quais estive frente às questões das torpezas humanas, ou seja, no tempo em que fui bancário, contador, auditor contábil e advogado, quase não me lembrei das raríssimas vezes em que fui procurado por um cliente ou mesmo por um dono de empresa, para obter minhas orientações de como fazer determinada coisa, corretamente e dentro do que prescrevia as legislações pertinentes. A maioria das vezes, pretendiam que eu procedesse de forma não recomendável, ou tentavam obter algum parecer, alguma orientação que no íntimo sabiam que eram erradas, mas que se eventualmente eu sinalizasse alguma possibilidade de fazê-las ou executá-las, com risco de serem descobertas futuramente, o que sempre um dia isso acontece, invocariam a isenção da sua culpa sob o argumento que só fizeram ou procederam dessa ou daquela forma, porque desconhecendo a legalidade ou o procedimento correto, obtiveram a minha orientação e meu aval profissional.

Numa ocasião em que eu era contador geral de uma empresa, que foi vendida e o seu novo presidente chamou-me para fazer uma alteração nos seus registros contábeis, que no futuro trariam consequências graves, porque não havia como não aparecer perante o fisco e a bolsa de valores — tive que me demitir no mesmo momento.

Outras vezes, eu acabava discutindo e rejeitando severamente algumas práticas que seriam forçosamente descobertas pelas auditorias,  nos cruzamentos de informações e de dados, embora isso fosse menos mau do que se fossem detectadas pelo fisco. Quando isso acontecia, era motivo de minha preocupação, dormia mal com receio de ser demitido, pois tinha família para sustentar e com filhos cursando faculdades.


Com este artigo, não quero assumir ares de suprema honestidade, mas apenas dizer que os profissionais de quaisquer áreas, podem (e devem) fazer uma opção de como procederem na vida — qual seja, de não trabalharem deliberadamente de forma errada ou fora das normas profissionais ou legais. Essa escolha não facilitará suas vidas, pelo contrário, poderá até dificultá-las para ganhar dinheiro fácil, porém, jamais sofrerão condenações em processos como estamos assistindo acontecer no Brasil, dos: mensalões, petrolões, eletrolões, beenedeezões e todos os demais “ões” do mesmo gênero criminoso.


E é oportuno citar as palavras de Hannah Arendt[i], que nos dá, na realidade, a entender que as investidas humanas na tentativa de obter proveito próprio, traz ínsitamente a busca pelo poder que corrompe : “O poder corrompe, de fato, quando os fracos se unem para destruir o forte, mas não antes. A vontade de poder, denunciada ou glorificada pelos pensadores modernos de Hobbes a Nietzsche, longe de ser uma característica do forte, é, como a cobiça e a inveja, um dos vícios do fraco, talvez o seu mais perigoso vício.”

Assim, a busca de sempre obter vantagens, por pequenas que sejam, conduz o ser humano à procura de poder, especialmente na política. E se eventualmente um indivíduo que cultiva essa natureza, consegue galgar o governo de um país, e depois começa a promover atos que destroem sua credibilidade e causam insegurança ou medo na população, acaba se isolando e tronando-se um tiranete, que só consegue promover a destruição desse país, porquanto faz de tudo para aumentar seu poder e se manter nele a qualquer custo, não importando como e nem com o quê.

Aliás, esse tipo de político que exerce a tirania, penso eu, que na verdade trata-se de psicopata, como bem descreve Andrew Lobaczewski[ii] em seu livro “Ponerologia: Psicopatas no Poder, do qual extraí do texto a seguir, contido no  prefácio do prof. Olavo de Carvalho:

“[...] alguns estudantes de medicina na Polônia, na Hungria e na Checoslováquia começaram a notar que havia algo de muito estranho no ar. Eles haviam lutado na resistência antinazista junto com seus colegas, e isto havia consolidado laços de amizade e solidariedade que, esperavam, durariam para sempre. Aos poucos, após a instauração do regime comunista, novos professores e funcionários, enviados pelos governantes, estavam alterando profundamente o ambiente moral nas universidades daqueles países. Um jovem psiquiatra escreveu:

(…) sentíamos que algo estranho tinha invadido nossas mentes e algo valioso estava se esvaindo de forma irreparável. O mundo da realidade psicológica e dos valores morais parecia suspenso em um nevoeiro gelado. Nosso sentimento humano e nossa solidariedade estudantil perderam seus significados, como também aconteceu com o patriotismo e nossos velhos critérios estabelecidos. Então, nos perguntamos uns aos outros, “isso está acontecendo com você também?”.


Impossibilitados de reagir, eles começaram a trocar ideias, perguntando como poderiam se defender da devastação psicológica geral. Aos poucos essas conversações evoluíram para o plano de um estudo psiquiátrico da elite dirigente comunista e da sua influência psíquica sobre a população.

O estudo prosseguiu em segredo, durante décadas, sem poder jamais ser publicado. Aos poucos os membros da equipe foram envelhecendo e morrendo (nem sempre de causas naturais), até que o último deles, o psiquiatra polonês Andrej (Andrew) Lobaczewski (1921-2007), reuniu as notas de seus colegas e compôs o livro que veio a sair pela primeira vez no Canadá, em 2006, e que agora a Vide Editorial, de Campinas, está a publicar em tradução  brasileira de Adelice Godoy: “Ponerologia: Psicopatas no Poder”, do qual extraí o parágrafo acima.

“Poneros”, em grego, significa “o mal”. O mal, porque o traço dominante no caráter dos novos dirigentes, que davam o modelo de conduta para o resto da sociedade, era inequivocamente a psicopatia. O psicopata não é um psicótico, um doente mental. Só lhe falta uma coisa: os sentimentos morais, especialmente a compaixão e a culpa. Não que ele desconheça esses sentimentos. Conhece-os perfeitamente, mas os vivencia de maneira puramente intelectual, como informações a ser usadas, sem participação pessoal e íntima. Quanto maior a sua frieza moral, maior a sua habilidade de manipular as emoções dos outros, usando-as para os seus próprios fins, que, nessas condições, só podem ser malignos e criminosos. Justamente porque não sentem compaixão nem culpa, os psicopatas sabem despertá-las nos outros como quem toca um piano e produz o acorde que lhe convém.

Não é preciso nenhum estudo especial para saber que, invariavelmente, o discurso comunista, pró-comunista ou esquerdista é cem por cento baseado na exploração da compaixão e da culpa. Isso é da experiência comum.

Mas o que o dr. Lobaczewski e seus colaboradores descobriram foi muito além desse ponto. Eles descobriram, em primeiro lugar, que só uma classe de psicopatas tem a agressividade mental suficiente para se impor a toda uma sociedade por esses meios. Segundo: descobriram que, quando os psicopatas dominam, a insensitividade moral se espalha por toda a sociedade, roendo o tecido das relações humanas e fazendo da vida um inferno. Terceiro: descobriram que isso acontece não porque a psicopatia seja contagiosa, mas porque aquelas mentes menos ativas que, meio às tontas, vão se adaptando às novas regras e valores, se tornam presas de uma sintomatologia claramente histérica, ou histeriforme. O histérico não diz o que sente, mas passa a sentir aquilo que disse – e, na medida em que aquilo que disse é a cópia de fórmulas prontas espalhadas na atmosfera como gases onipresentes, qualquer empenho de chamá-lo de volta às suas percepções reais abala de tal modo a sua segurança psicológica emprestada, que acaba sendo recebido como uma ameaça, uma agressão, um insulto.

É assim que um grupo relativamente pequeno de líderes  psicopáticos  destrói a alma de uma nação.”























[i] Arendt, Hannah, A Condição Humana; traduzido de : The Human Condition, por  Roberto Raposo, 10ª Ed.- Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. Pág. 215.

[ii] Lobaczewski, Andrew,  Ponerologia: Psicopatas no Poder ; tradução de Adelice Godoy – Campinas, SP: Vide Editorial, 2014. Págs. 6-7.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Barnabé, o crédulo - Por Gregório Vivanco Lopes



07-12-2015



Barnabé, o crédulo

Gregorio Vivanco Lopes  




Sempre apreciei muito o Barnabé. É fora de dúvida que ele tem qualidades. É reto, despretensioso, de trato agradável. Mas o coitado tem um defeito incorrigível, tão incorrigível que acabou por fazê-lo ficar de miolo mole.

O defeito do Barnabé é que ele acredita piamente em tudo quanto dizem os intelectuais da última moda, aos quais uma literatura pseudo-filosófica e certos cadernos da mídia concedem grande audiência. E o mais triste é que o pobre Barnabé procura seriamente aplicar na vida concreta as fantasias elucubradas por esse gênero de sonhadores utópicos que a esquerda costuma produzir a rodo.

A última enrascada em que Barnabé se meteu foi acreditar que os animais têm direitos iguais aos dos homens. Mais ainda, que os animais são iguais aos homens. Eu não sei em que leituras ele se meteu, nem que palestras ouviu, mas o certo é que ficou convencido da propalada igualdade. E, como é seu vezo, logo se aplicou em transferir para a prática a utopia mirabolante.
Para cúmulo dos males, ele tinha um cachorro de estimação, um fox terrier branco e engraçadinho, que atendia pelo nome de Pimpão. Não é que o pobre Barnabé concedeu estatuto de igualdade ao Pimpão!

Às refeições, lá estava a cadeira do cãozinho, que deveria sentar-se educadamente, com o guardanapo ao pescoço, tendo à sua frente o prato e os talheres. Na hora de dormir, o Pimpão tinha seu quarto e sua cama, com lençóis limpos e um cobertor de reserva para o caso de esfriar à noite. Uma pia bem baixa, com lugar para o sabonete e a escova de dentes, foi especialmente encomendada.

Tudo estava perfeito, e Barnabé contentíssimo. Mas a dificuldade surgiu: o terrier não se compenetrava de que era igual aos homens e não agia de acordo com a etiqueta. Aí começaram as agruras do Barnabé: como fazer para tornar eficaz essa igualdade com um cabeçudo como o Pimpão, que timbrava em agir como cachorro, e não como homem?

Barnabé começou então a dar tratos à bola em busca de uma saída para um problema tão inesperado. Ele era inteligente, não propriamente intuitivo, muito menos esperto, mas raciocinante.

Foi então –– em meio a essas sessões escaldantes de raciocínio apertado, em que o cérebro fervia de tanto trabalhar –– que a solução pulou de dentro da cabeça de Barnabé, como lançada por uma mola. Nem o estalo de Vieira pode-se comparar a tanta lucidez repentina:

— Eureka! Achei! Pimpão e eu somos iguais. Se ele não quer se portar como um igual em relação a mim, eu vou me portar como um igual em relação a ele.

E eis o pobre Barnabé andando de quatro, comendo no prato de ferro do terrier, forçando sua coluna vertebral para caber dentro da casinha do cachorro; e –– coitado! –– latindo quando alguém se aproximava.

     A última vez que o visitei no manicômio, os médicos me asseguraram que a situação dele é reversível, e que ele tem cura. É questão de tempo, e sobretudo de não permitir mais que ele leia qualquer literatura pseudo-filosófica ou as seções “culturais” de certa mídia.

(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
  




Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)


segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Brasil, uma nova Venezuela - Por João Bosco Leal*


A educação de um povo é, certamente, a única maneira de fazer com que um país cresça social, política e economicamente.
Um dos exemplos mais recentes é o da Coréia do Sul, que na década de 60, apenas 50 anos atrás, era um país atrasado e economicamente insignificante, mas resolveu investir maciçamente na educação de seu povo e o resultado é que, atualmente, é um dos maiores exportadores de veículos e de produtos eletrônicos do mundo.
Em contrapartida, vemos países com regimes autoritários, dirigidos por pessoas que fazem de tudo para se manter no poder e normalmente saqueiam sua nação em proveito próprio e dos seus, deixando o povo sem saúde, segurança e, principalmente, sem educação para que, sem cultura, continuem se satisfazendo com o muito pouco que estes governos lhes fornecem.
Recebendo educação, a população vai cada vez mais entendendo essas diferenças e passa a escolher melhor, tanto o regime político a que querem se submeter como também seus mandatários, democraticamente eleitos pelo povo.
É com a educação que nossas mentes vão se abrindo para novas experiências, e começamos a enxergar o que existe à nossa volta e o que poderia existir, seja imaginando coisas ou observando as experiências de outras pessoas ou povos.
Com ela passamos a entender a necessidade de lutar contra as injustiças, sejam quais forem, pois ninguém será plenamente feliz enquanto milhões sofrem por motivos diversos. Em nosso próprio país, pessoas passam fome, sede, não possuem teto ou um agasalho, vivem sem acesso à educação e, por isso, se submetem a migalhas fornecidas por coronéis da política que nada mais querem do que sua permanência no poder.
É inacreditável como o brasileiro reclama do governo, dele espera tudo, mas não participa politicamente de nada, não se candidata a nenhum cargo, seja para o de líder de bairro ou de síndico do prédio. Sem a participação política - ao menos em protestos públicos sobre o que está reclamando - nada será mudado.
São os políticos que aí estão que fazem as leis, que anualmente votam o orçamento de quanto da arrecadação total do governo será gasto, no ano seguinte, em saúde, educação, habitação, infraestrutura, etc., e com seus salários, verbas de gabinetes, seus asseclas e suas mordomias.
Assim, sempre faltará dinheiro para a educação e saúde, mas haverá para a propaganda pessoal e para projetos espetaculares, de bilhões de dólares, financiados pelo BNDES, inclusive em outros países, desde que administrados por "companheiros" ideológicos dos que hoje estão no poder.
Como fazer de conta que tudo está bem se isso não é verdade? Como admitir que, depois de décadas de investimentos milionários, nossos irmãos nordestinos continuem sem água, se todos os estados da região possuem acesso ao mar e há anos a tecnologia de dessalinização da água é uma realidade e irriga milhões de hectares de terras em diversos países?
Em Cancún, conheci até uma fábrica de cerveja fabricada com a água do mar e toda a população lá existente, além dos mais de 6.000 turistas diários que visitam a ilha, só possuem essa água para beber e para sua higiene pessoal.
Sem ao menos a educação básica da população mais humilde e a politização da população mais instruída, continuaremos, por décadas, vendo estados como o Maranhão dominados por uma única família que, para ter se tornado milionária - e dessa forma se manter -, deixou sem cultura e na miséria toda a população de um estado.
Ou nos politizamos e elegemos somente verdadeiros patriotas ou, mais rápido do que se imagina, o Brasil será uma nova Venezuela.
 *Jornalista, escritor e empresário

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

As demarcações da FUNAI e as invasões de terras por índios - Por João Bosco Leal*



 O antigo Serviço de Proteção aos Índios virou a atual FUNAI. Portanto, a FUNAI existe para proteger os índios e, assim, está para os índios como a CNA está para o produtor rural. Assim, como outorgar à CNA a competência para demarcar terras indígenas, tendo em vista sua parcialidade? Do mesmo modo, como entregar à FUNAI, também por sua parcialidade, a função exclusiva de demarcar terras indígenas?
Então, como fazer o produtor rural, que possui os títulos de suas terras - alguns há mais de um século -, outorgados pelos órgãos constitucionalmente competentes, aceitar que agora sua terra não mais lhe pertence porque a FUNAI a demarcou como sendo terra indígena?
Ora, quando de seu descobrimento, TODO o Brasil era dos índios. À medida que os governos legalmente constituídos foram tendo interesse em colonizar determinadas regiões do país, as terras chamadas "devolutas", ou seja, "do Estado", eram tituladas provisoriamente àqueles que para aquela região se dispunham a se mudar e lá desbravar essa terra. Após 10 anos, se ele realmente estivesse ainda morando na propriedade e tivesse dado a ela o destino determinado pelo governo, só aí receberia o título definitivo da mesma.
Em décadas mais recentes, ainda durante os governos militares, isso ocorreu na colonização dos estados do Acre, Rondônia e Roraima, onde, além de colonizar as regiões, o governo tinha interesse em povoar as fronteiras brasileiras com outros países. Em épocas anteriores, o mesmo processo ocorreu em Mato Grosso, no hoje Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Pará e em todos os estados não banhados pelo mar, pois os primeiros colonizadores, até pela maior dificuldade de transportar sua produção - seja para o mercado interno ou para a exportação -, nos primeiros tempos só haviam se infiltrado pelo interior dos estados com acesso ao mar, onde se situavam, e se situam ainda, os maiores centros consumidores de sua produção.
Entretanto, depois de toda a dificuldade enfrentada por esses colonizadores - os verdadeiros desbravadores do Brasil -, agora vem uma entidade como a FUNAI, que em hipótese alguma poderia ter - e não tem essa prerrogativa -, dizer que as terras onde já estão trabalhando as terceiras ou mesmo quartas gerações dessas famílias, dizer que devem abandonar tudo o que eles e seus antepassados lá construíram com suor e sangue, porque aquela área pertence aos índios. Além disso, essas invasões são incentivadas e patrocinadas pelo CIMI - Conselho Indigenista Missionário, um braço da Igreja Católica dirigida pelos padres Salesianos, como declara o próprio coordenador do CIMI em MS, Flávio Vicente Machado no vídeo encontrado em https://www.youtube.com/watch?v=Oq5ifE7Y_YY&feature=youtu.be  ou em outros vídeos que mostram a mesma situação de incentivo promovido pela FUNAI por todo o Brasil, como:
E os títulos, documentos emitidos pelo governo e registrados pelos cartórios durante todas essas décadas e as diversas transações comerciais existentes nesse período sobre algumas dessas propriedades que mudaram de proprietários por diversas vezes e que todos os que vieram por elas pagaram? E os impostos municipais, estaduais e federais cobrados desse produtor durante todo esse período, reconhecendo, para essa cobrança, como sua a propriedade?
Na Constituição Federal de 1988, ficou estabelecido que as terras indígenas de todo o país deveriam ser demarcadas em um prazo máximo de cinco anos e, a partir daí, não ocorreriam mais demarcações. Portanto, desde 1993, todas as demarcações seriam ilegais, mas pessoas com interesses escusos continuam incentivando invasões e novas demarcações.
A mesma Constituição Brasileira garante a segurança jurídica, o prestígio ao ato jurídico perfeito, a imparcialidade, o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal aos seus cidadãos, mas como o nosso Judiciário é extremamente moroso, alega-se que por isso INVADE-SE, para acelerar o processo, mas o Judiciário é moroso para todos ou somente para os índios? Isso é o mesmo que dizer que o índio pode executar, com as próprias mãos, uma sentença que não transitou em julgado e que muitas vezes ainda nem sequer foi proferida.
O que faria o cidadão urbano se, depois de décadas morando na casa que construiu, aparecesse a FUNAI determinando que de lá se mudasse - e sem direito a receber sequer pelo terreno -, porque ele havia construído sua casa sobre uma área que pertence aos índios?

E seus documentos? E o direito ao devido processo legal? Para a FUNAI nada disso importa. O que para ela importa é um laudo, antropológico, dizendo que essa terra um dia pertenceu aos índios. Se assim for, devemos regressar todos a Portugal e aqui abandonar tudo o que nós e nossos ancestrais construímos.
Ou o CIMI e a FUNAI deixam de incitar e patrocinar a invasão de terras por índios ou ainda presenciaremos muitas mortes de brasileiros, indígenas ou não.
* Jornalista e empresário.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A curiosidade - Por João Bosco Leal*




O filósofo e poeta português Agostinho da Silva declarou: "O que impede o saber não são nem o tempo nem a inteligência, mas somente a falta de curiosidade".

Raramente podemos ler tanta verdade descrita em tão poucas palavras. Tudo o que atualmente a humanidade conhece é proveniente da curiosidade de alguém.

Imagino a dificuldade dos homens primitivos em encontrar um meio de acender o fogo que os aquecesse. Depois, a de criar um meio de transportá-lo de um lugar ao outro, iluminando os locais por onde passassem e, posteriormente, descobrindo que com ele poderiam também afugentar os animais que os ameaçassem e assar a carne de suas caças.

Nenhuma das grandes descobertas da humanidade foi conseguida sem a curiosidade de um de seus membros que, observando algo, pensou em como poderia transformar aquilo, fazer de forma mais simples, rápida e eficiente, ou algo totalmente diferente.

Além do famosíssimo Leonardo da Vinci, tão talentoso que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, penso que um dos maiores exemplos de "curioso", que com suas invenções mudou radicalmente a humanidade, foi Thomas Alva Edison, um inventor e cientista dos Estados Unidos que viveu entre os anos de 1847 e 1931. Poucos sabem que, além da lâmpada elétrica incandescente, ele fez várias outras descobertas fantásticas.

Há mais de 130 anos, quando sequer se imaginava discutir temas como sustentabilidade e alternativas ao uso de combustíveis fósseis, em 13 de maio de 1880, Thomas Edison fazia o primeiro teste de sua estrada de ferro elétrica em Menlo Park, nos Estados Unidos. Atualmente, as maiores cidades do planeta utilizam trens e metrôs elétricos para o transporte de passageiros e carga de um lado a outro.

Outras invenções de Thomas Edison foram a câmera cinematográfica, a bateria de carro elétrica e o fonógrafo - precursor dos alto-falantes. O microfone de carbono, inventado por ele entre 1877 e 1878, era capaz de converter som em um sinal elétrico, permitindo que a voz fosse transmitida a longas distâncias, sendo, portanto, o ancestral do mais moderno smartphone atualmente utilizado.

Os alimentos como carnes, café, frutas e legumes que atualmente encontramos nos supermercados embalados a vácuo - que os mantém livres de germes e bactérias e lhes assegura maior conservação do sabor -, são a evolução de um sistema de preservação de frutas a vácuo criado por Edison ainda em 1881.

Outro exemplo fantástico da observação de Thomas Edison foi a da roda de borracha. A roda sempre foi considerada uma das mais revolucionárias invenções da humanidade. Com ela se facilitou todo transporte que se podia imaginar. Primeiro as rodas de pedra e, muito posteriormente, já para os carros de boi e ainda para os primeiros veículos, as rodas de madeira. Foi ele quem registrou a intenção de cobri-las de borracha, o que posteriormente evoluiu para os atuais pneus.

Quantas vezes passamos, diariamente, por anos ou décadas, pelas mesmas ruas ou locais, sem sequer observar detalhes do que está à nossa volta? Quando, mesmo parados em um semáforo, observamos detalhes como o de um ninho de joão-de-barro construído no poste da esquina? Não lemos sequer o que está escrito no enorme outdoor por onde passamos?

Só os que têm curiosidade, observam os detalhes e pensam, transformam o mundo e promovem a evolução de todos.

*Jornalista, escritor e empresário

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Posturas e consequências - Por João Bosco Leal*


Tive um grande amigo, já falecido, que sempre dizia: "Jamais faltará miséria ao miserável ou fartura ao farturento".

Era um português com muito pouca escolaridade, talvez com somente um ou dois anos do primário, mas com enorme discernimento, com o qual levava a vida de modo extremamente correto, justo. Ajudava muitas pessoas que o procuravam e, em seu julgamento, achava que devia, mas também sabia falar verdades sobre os que, como dizia: "não valiam o que comiam".

Assim também era minha avó paterna. Também portuguesa e mulher de pouquíssimo estudo, era extremamente inteligente e de pouquíssimas brincadeiras. Sempre falava sério, mas com carinho, ensinando o que podia ensinar, e era muito, pois me ensinou muito do pouco que sei.

Até sua morte falava coisas que até hoje me fazem pensar como, durante sua vida, foi capaz de fazer tantas observações que a permitiam resumir determinados comportamentos, que devíamos ter ou não, em simples frases, ditados.

Considero espetacular a vida dessas pessoas que conheci muito de perto e, entre elas, identifico uma clara analogia: Apesar de serem de origem humilde, e de terem chegado ao Brasil sem praticamente nada, trabalharam duro durante toda a vida e, com isso, construíram um patrimônio suficiente para manter diversas de suas gerações.

Nunca vi nenhum dos dois ostentar nada do que possuíam, mas nunca os vi com nenhum tipo de avareza, muito pelo contrário, ajudavam muito e a muitos. Entretanto, nunca percebi nenhum tipo de desperdício em nenhum dos dois. Nada era jogado fora, desperdiçado.

Outro ponto em comum era como nunca estavam reclamando de algo ruim, de uma doença, com eles ou com alguém da família, uma perda - ainda que enorme, como a de um cônjuge, filho, neto -, um prejuízo, nada, não havia reclamações. A vida continua e deve ser assim encarada.

Aqueles acontecimentos fugiam ao seu controle, eram as variáveis incontroláveis da vida, como o clima para o agricultor. Precisavam continuar, pois outros permaneciam vivos e, quanto à perda material, esta só poderia ser recuperada com mais trabalho.

Entretanto, vejo pessoas com dificuldades para as menores coisas da vida. Estão gripadas, reclamam, deitam, contam para todo mundo, fazem o maior drama, mas o que é realmente necessário - se cuidar -, elas não fazem.
Caiu? Nem olhe para os lados. Levante-se. Não espere que alguém venha lhe ajudar. Não se envergonhe ou fique encabulado. Todos podem tropeçar e cair. Humilhante é ser incapaz de se levantar sozinho, necessitar de ajuda por um simples tombo.

Pessoas com quedas muito maiores - como a da perda de filhos, por exemplo -, levantam-se e continuam a vida, pois sabem que ainda necessitarão ajudar os que ficaram.

Na cidade em que moro, conheço um homem saudável, com cerca de 35 anos, que vive nos semáforos pedindo esmolas. Ele possui um estreitamento enorme das arcadas dentárias, tanto superior como inferior, que inclusive lhe dificulta a fala. Após haver contribuído com ele por dezenas de vezes, um dia estacionei o carro e o chamei, oferecendo-me para levá-lo a um cirurgião dentista que trata exatamente destes casos, tendo dito a ele que o ajudaria para que fosse operado, mas ele recusou-se imediatamente. Logo imaginei o motivo: curado, ele teria de trabalhar como todos. Não poderia mais pedir esmolas.

Reclamar de uma situação e não agir para repará-la é o mesmo que mostrar uma ferida e não tratá-la.
* Jornalista, escritor e empresário

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

UMA HISTÓRIA DE NASRUDIN: DE COMO ELE CRIOU A VERDADE.


  


UM TRIBUTO AO JUIZ FEDERAL SÉRGIO MORO.







Luiz Carlos Nogueira






Para quem não sabe, segundo a Wikipédia, “Nasrudin (em turco: Nasreddin Hoca, em turco otomano: نصر الدين خواجه, em persa: خواجه نصرالدین, em árabe: نصرالدین جحا / ALA-LC: Naṣraddīn Juḥā, em urdu: ملا نصرالدین , emuzbeque: Nosiriddin Xo'ja, Nasreddīn Hodja, bósnio: Nasrudin Hodža) foi um seljúcida satírico sufi, acredita-se que viveu e morreu durante o século XIII em Akshehir, perto deKonya, capital do Sultanato de Rum Seljuk, na atual Turquia. Ele é considerado um filósofo e sábio populista, lembrado por suas histórias engraçadas e anedotas. Ele aparece em milhares de histórias, às vezes espirituoso, às vezes sábio, mas muitas vezes, também, um tolo ou o alvo de uma piada. Uma história Nasreddin geralmente tem um humor sutil e uma natureza pedagógica. A festa internacional de Nasreddin Hodja é celebrada entre 05-10 julho em sua cidade natal a cada ano.

As histórias de Nasreddin são conhecidas em todo o Oriente Médio e tocaram as culturas ao redor do mundo. Superficialmente, a maioria das histórias de Nasreddin podem ser ditas como piadas ou anedotas de humor. Eles são contadas e recontadas eternamente em casas de chá e caravançarás da Ásia e podem ser ouvidos nas casas e nos rádios. Mas é inerente a uma história de Nasreddin que pode ser entendida a vários níveis. Não é a piada, seguido por uma moral e, geralmente, o pequeno extra que traz a consciência do potencial místico um pouco mais sobre a forma de realização.

Pois bem, vamos conhecer uma das histórias de Nasrudin, na qual ele CRIOU A VERDADE.

Havia um monarca preocupado em fazer que com as pessoas parassem de mentir, pois ele considerava que a mentira prejudicava a convivência entre as pessoas, porque destruía a confiança entre elas, porque sempre ocultava alguma coisa que fizeram de errado.

Assim editou leis proibindo a mentira.

Nasrudin que visitava o reinado e tido como sábio, foi procurado pelo rei, porque este percebeu que a sua lei não produziu efeito algum sobre as pessoas e, portanto, queria saber como agir em face disso. 

Nasrudin então lhe disse que: as leis não poderiam tornar as pessoas melhores, porque estas só poderiam atingir o estágio de serem verdadeiras, se praticassem ações que as colocassem em sintonia com a verdade interior, que se assemelhasse apenas levemente à verdade aparente.

Assim, seguindo a orientação de Narrudin, o rei decidiu providenciar algo que pudesses fazer as pessoas observarem a verdade e tornarem-se autênticas.

Como no caminho para a entrada da cidade havia uma ponte, o rei mandou construir uma forca sobre ela, na metade da sua extensão, de sorte que quando os portões fossem abertos ao raiar do dia, por sua determinação ali estava o capitão da sua guarda, postado à frente do seu pelotão de soldados, para examinar todas as pessoas que entrassem pela referida ponte, para assim cumprir sua ordem proclamada: “Todos devem ser interrogados e aquele que falar a verdade terá acesso ao meu reinado, mas ai daquele que mentir, porque será enforcado”.

Como Nasrudin se fez presente para acompanhar o resultado desse estratagema, ao ouvir a proclamação do édito do rei — deu um passo à frente. 

Surpreso o capitão da guarda lhe interrogou: Ei! Aonde vai?

Estou caminhando para a forca! Respondeu-lhe calmamente Nasrudin.

Não acreditamos em você! Disse-lhe o capitão.

Pois bem, replicou Nasrudin: então se eu estiver mentindo, enforquem-me!

Mas, mas...se o enforcarmos por estar mentindo, faremos com que o que você disse seja verdade!

Pois é isso mesmo: agora vocês sabem o que é a verdade: a sua verdade!

Mas não fiquemos por aí. Vamos um pouco mais adiante. Como é a verdade do psicopata? Esses desalmados acreditam na própria mentira...portanto, eles não precisam ser enforcados.


Agora pensem na turma dos envolvidos nos mensalões, petrolões, eletrolões, benedezões e todos os demais “ões” do mesmo gênero criminoso.       ELES NÃO DEVEM SER ENFORCADOS, DEVEM IR PARA A CADEIA.