sexta-feira, 26 de agosto de 2011

BELIGERÂNCIAS DO SER




Edson Paulucci


Quantas vezes tentei superar

essa falta de harmonia entre

os diversos seres que me habitam.

Sempre em trajes de campanha,

camuflados, vivemos armistícios...

de longa duração...curta resistência.

Nunca adiantou capitular nem

desfazer barricadas.

Sempre houve um cerco...ameaças.

Muitas cortes marciais, mas apenas

condenações de efeito.

A paz...essa pomba ícone nunca

arredou vôo de seu ninho.

Nem nunca bandeiras brancas tremularam.

Todos vencemos e fomos vencidos.

Paradoxos dessa guerra quente

entre inimigos amigos imaginários.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PESTILÊNCIAS QUE ASSOLAM A SOCIEDADE BRASILEIRA

Luiz Carlos Nogueira

nogueirablog@gmail.com



Estamos vivendo um momento singular na história deste País. É bem verdade que os outros povos do nosso orbe terrestre também enfrentam problemas de toda ordem, mas a virulência pandêmica de certos males, parece ter encontrado no Brasil, solo fértil para se desenvolver especialmente no tocante à corrupção que grassa por todo o território nacional.


Se a impunidade fosse adubo, o Brasil seria campeão de exportação de alimentos para o mundo. Aí uns falastrões que estão cegos para a realidade social que enfrentamos, vêm com a “conversa mole” de querer “tapar o sol com a peneira”.


As famílias brasileiras além de serem castigadas pela variedade de altos impostos (nisto, talvez a Itália seja o único país do mundo, capaz de competir com o Brasil), também são acossadas pelo crime organizado, pelos ladrões das ruas e pelos efeitos do tráfico desenfreado de drogas, que trazem muito sofrimento e desestruturam as famílias, que se por infelicidade tenham em seu meio, um ou mais viciados em drogas.


A população é extorquida diariamente desde pelos mais simples “flanelinhas” que dividem espaços com os ficais dos aparelhos de tarifação (“caça-níqueis”) dos estacionamentos públicos, pequenos ladrões infratores, assaltantes de residências e de caixas de autoatendimento bancário, até por alguns fiscais disso ou daquilo. Os mais incautos ainda sofrem assédio dos vigaristas. Para completar temos ainda o político descarado, sem-vergonha, “ladrãozão”, agindo como dizem “livre, leve e solto”. Não consigo refutar mais as afirmações daqueles que afirma que — no Brasil só pobre vai para a cadeia — ladrões de colarinho branco não. E as pessoas, para isso se servem como exemplo, da TURMA DO MENSALÃO, cujo crime (o maior contra a democracia) de formação de quadrilha e de desvio e subtração de dinheiro público, assunto este que ficou conhecido pelo mundo todo, e que aliás, para a nossa vergonha, está até inserido na Wikipédia.


Logo logo, a TURMA DO MENSALÃO estará ainda mais disponível e livre para ocupar cargos públicos e continuar fazendo toda a negociata possível de se imaginar, porque seu crime estará prescrito. Com vistas a isso, os que defendem muito os direitos humanos e que aparecem dando ares de paladinos da justiça e da ordem social não “enchem o saco”.


Se continuar desse jeito, a criminalidade e a “picaretagem” serão a marca da nossa identificação nos outros países. Se duvidarmos, isso poderá acabar fazendo parte do DNA de algumas famílias brasileiras, instruídas nessa direção. Não é a toa que a DNA Propaganda, administrada por Marcos Valério, decerto já leva esse nome, como um prenúncio do que me refiro. Segundo a PF, a DNA alimentava o Valerioduto, esquema de pagamento ilegal a parlamentares.


Estamos cansados dos teóricos de plantão, que por falta de assunto só falam asneiras para aparecerem na mídia, dando ares de intelectuais. O caso da descriminalização (ou mesmo legalização) das DROGAS é um exemplo disso. Quem é que não sabe que o nosso país não dá conta sequer de resolver os problemas da saúde pública, dos hospitais que atendem pelo SUS, nos quais morrem pessoas nas filas ou por estarem na espera de atendimentos há mais de meses? Como é que se espera atender os viciados em drogas, sem contar com locais apropriados e disponíveis, e ainda sem profissionais especializados para esse fim?


Muitas pessoas não fazem idéia de como o vício das drogas repercute no meio das famílias e em toda a sociedade. Como é que pode se pensar em o Estado fornecer drogas para os viciados? Então seria o caso de dar veneno para quem de uma forma ou de outra foi envenenado.


Descriminalizar ou ainda legalizar as drogas significa fomentar a comercialização e aumentar mais ainda o poder dos que antes da lei seriam considerados traficantes ilegais. Também quando não há penalização para o consumidor, seja ele maior ou menor de idade, tal permissividade só leva ao consumo desenfreado, conducente à procura de drogas mais pesadas que encurtam a vida dos que a consomem, e que acabam traficando também para conseguir dinheiro para consumirem, ou ainda, que leva aos roubos, assassinatos e outras delinqüências, deixando os pais dos drogados vulneráveis aos seus atos que transformam suas vidas num inferno de enormes sofrimentos. E nessa situação nenhum “babaca” metido a intelectual ou qualquer idiotia que tenta assim aparecer, vem ajudar os que passam por tal sofrimento.


Outra peste que se instalou no país é o crime organizado, que quer calar a boca dos juízes, da polícia e de outras autoridades constituídas. E em certos momentos até que conseguem. Na verdade todo esse tipo bandidagem é fruto de leis frouxas, e muitas vezes de toda a permissividade de quem ocupa cargos públicos sejam eles eletivos ou não, e que não estão comprometidos com a ordem social e com os bons costumes, que só amam os seus salários e as suas mordomias. Só que pode chegar um dia em que esse tipo de comportamento custará muito caro para essas pessoas. Quem sobreviver até lá, verá.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

ALVORADA QUADRADA


Dilma também considerou inaceitável a divulgação das fotos dos supostos corruptos enquanto eram fichados, sem terno e gravata e cada um segurando a devida placa com seu nome completo, o artigo penal que motivou sua prisão e a data de entrada no xilindró.


Ora, convenhamos, senhora presidenta: algema é pouco! Podem chamar o STF, o STJ, a CGU, o CNJ e toda sorte (ou azar) de siglas iníquas num país de bravateiros.


Afinal, maciços são os investimentos para proteger a politicagem larápia, a gatunagem política. E a verdade é uma só: o corrupto engravatado é um criminoso de alta periculosidade, deve ser tratado como tal e merece ver uma alvorada quadrada.


Na legislação do bom senso, na Constituição do brasileiro honesto e de bem, a corrupção é um crime hediondo.


Porque um político corrupto é autor diário de centenas de milhares de homicídios dolosos, onde há intenção clara de matar.


Toda vez que um gatuno mete a mão no dinheiro público para locupletar-se ou engordar os cofres de sua legenda partidária, ele assassina cidadãos nas filas da Saúde inoperante por falta de recursos; ele rouba comida do prato de milhões de crianças na fila da merenda escolar; ele impede, deliberadamente, que pesquisas científicas tenham dinheiro para avançar na busca de curas para os males que assolam as dimensões continentais do nosso país; ele subscreve salários miseráveis para professores, bombeiros, policiais, médicos e todos os profissionais fundamentais para a existência da nação e o bem-estar de seus cidadãos.



Toda vez que um corrupto coloca uma “peteca” no bolso, ele abre centenas de buracos nas estradas já tão mal cuidadas e mata pedestres e motoristas; ele cria “buracos-negros” nos céus onde aviões ainda se chocam; ele impede que aeroportos recebam mínimos e essenciais cuidados para que as aeronaves consigam pousar e decolar decentemente e que os passageiros tenham alguma segurança; ele opera indiscriminadamente para que tenhamos péssimos serviços, ainda que caríssimos; ele garante a manutenção do analfabetismo funcional e cultural crônicos, necessários à existência de uma massa de manobra eleitoral. Quando um bandido governamental se refastela com dinheiro público, ele o faz sem medos ou receios, porque há no brasileiro um sentimento difuso de resignação quanto a capacidade de punição da Justiça e dos governos, ainda que isso lhe custe quase a metade de tudo que possa ganhar com seu trabalho, numa das maiores cargas tributárias do planeta.


É uma total falta de vergonha na cara, por exemplo, ouvir um ex-ministro, acusado de alta corrupção no governo Lula, vir a público falar em abuso de autoridade e violação de direitos nas prisões efetuadas no Ministério do Turismo. Justo ele, que na conclusão da Procuradoria-Geral da República, após longevos 6 anos de investigação, atuou como o “chefe da quadrilha” que assaltou o Estado, foi o “mentor do esquema ilícito de compra de votos”, “subornou parlamentares federais”, e liderou a “cooptação de apoios” e o “desvio de recursos públicos”.


Ainda nas palavras do procurador-geral, “as provas comprovam, sem sombras de dúvidas” que ele “comandou um grupo criminoso” e, por isso, solicitou ao Supremo Tribunal Federal sua condenação por formação de quadrilha e corrupção ativa, com uma pena que pode chegar a 111 anos de prisão. Chega às raias do ridículo esse ex-ministro vir a público questionar a utilização de algemas na operação “Voucher”. Estaria ele advogando em causa própria, com algum medo que essas “pulseiras” lhe sirvam de adorno em futuro próximo?


Excelentíssima senhora presidenta Dilma Rousseff, falando francamente, não vejo diferença entre um corrupto de “colarinho branco” e os assassinos que não pestanejaram ao disparar 21 tiros contra uma juíza “linha-dura”; não me é divergente a imagem de um deputado “sanguessuga” ou “anão do orçamento” e um sequestrador de ônibus com pistolas e granadas em punho; não há a menor desproporção entre um ministro mensaleiro e um grande traficante de armas e drogas.


São todos bandidos perigosos e, na maioria das vezes, recorrentes em seus crimes.


Roubam, desviam, enganam e matam. E o fazem com a tranquilidade e a certeza absoluta da impunidade, que é a regra no Brasil. Exagero, vergonha, abuso e violação de princípios básicos é assistir a soltura de malandros mamateiros 24 horas após sua prisão, impedindo-os de contemplar a alvorada quadrada do xilindró e permitindo-os regresso a bela pajelança do Alvorada.

Senhora presidenta, em nome de alguma deferência que possa restar à dignidade do povo brasileiro, não saia em defesa de bandidos, não legitime fraudadores. Que sejam expostos para que saibamos exatamente as caras e os nomes daqueles que nos roubam diariamente. E algema é pouco pra essa gente. Muito pouco.



HELDER CALDEIRA
Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
www.magnumpalestras.com.brheldercaldeira@estadao.com.br
*Autor do livro “A 1ª Presidenta” (Editora Faces, 2011, R$ 29,90), primeira obra publicada no Brasil sobre a trajetória política da presidente Dilma Rousseff e que já está na lista dos livros mais vendidos de 2011 no país.


Fonte: Jornal da Cidade – Clique aqui para conferir